Marcas
É pela segunda vez que se processa a idéia de pintar o corpo com cores eternas, marcar como cicatriz “gigante”, ponta a ponta das costas e nela revelar algo inédito que não tem certeza e deixar registrado na pele até que o tempo tome conta de envelhecer as cores e deforme as linhas.
Pensar na enorme marca estampada nas costas é pensar que se cria um “ser” quase de vida própria em seu corpo, alimentando-se do seu tempo, seu espaço, vivenciando sua história e compartilhando seus amores. Ah, quão os amores que já deslizaram suas suaves mãos sobre suas costas na intenção de imaginar que seria o contorno dela que ainda nem era projetada, apenas admirada nos ombros ou costas alheias. Imaginar essa transformação física me faz recordar momentos em algum lugar do tempo guardado em cápsulas.
Extraída de uma obra de arte..
“O óleo de massagem sobre a pele escorrendo ao poucos e os movimentos lentos e firmes das pontas dos dedos percorrendo todo o caminho das costas desenhando-a mentalmente, a pele toda arrepiada de calor e frio fazia aquela mulher nua mudar a respiração e ambos quase sintonizavam em uma só freqüência, era assim, que ela fazia sucesso e ele a desejava. Ele fantasiava visões e correspondia aos fatos cada vez mais intenso a ponto de unirem as marcadas e as suas histórias modificando o cenário. Ela desejava aquele corpo todo marcado, um calor que subia perna adentro. Ah, como ela queria aquele homem..”
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